..Avançamos no labirinto das gavetas pintadas de preto e branco, a guardarem dentro de nós os passeios das noites dissonantes. Continuamos neste segredo, porque o infinito resguarda a perdição dos poetas na arquitectura das palavras. Fadiga de tédio. Absoluto de tempo ou de ternura. Inverso de página. Tic-tac de mágoas na lembrança do tempo. Qualquer gesto é um real lento a perguntar quando. Qualquer momento é superfície diferente onde o mundo se futuriza em erro de presente. Se um dia dissermos que o passado é o futuro no fim, talvez nos suba à cabeça o grande esquecimento de um quarto escuro. Relógio do medo. Tudo é tempo desenhado nas duas horas em que a emoção sobe a escada e abre a lanterna da sede. O tempo é o silêncio vendido a estranhos, aflitivamente nós. INÚTIL em tempo de TEMPO, qualquer espécie de agora no lado das coisas de ontem.
Maria Quintans

Maria Quintans
